A geração de energia por meio de fontes renováveis, como a solar e a eólica, vem rapidamente se tornando em todo o mundo um dos pilares do desenvolvimento estratégico do sistema energético. O tema é tão importante e urgente que a Firjan sediou, em 13/02, o seminário “A revolução energética do sistema elétrico brasileiro: oportunidades de inovação e investimentos”. A iniciativa foi em parceria com a Embaixada da Itália no Brasil, a Agência Italiana para Internacionalização de empresas (ICE) e a Câmara de Comércio e Indústria Ítalo-Brasileira do Rio de Janeiro.
Sérgio Malta, vice-presidente da Firjan, ressaltou que três pilares dessa transição energética são as energias renováveis, os carros elétricos e as smart grids (redes inteligentes de energia). “O país possui recursos naturais que permitem a realização de projetos totalmente sustentáveis, de rápida construção e de custos de geração competitivos. Temos que avançar nos gargalos para atrair mais investimentos. Nesse cenário, parcerias público-privadas e inovação são essenciais”, dissertou Malta, que também preside o Conselho Empresarial de Energia Elétrica da federação.
Por sua vez, Davide Crippa, subsecretário de Estado do Ministério do Desenvolvimento Econômico da Itália, lembrou como o país europeu possui expertise em energia renovável. “Colocamos à disposição do Brasil o nosso conhecimento. Acreditamos ser importante a troca de informações, experiências e tecnologias. Queremos ajudar o mundo a caminhar para a transição energética”, informou.
Luiz Barata, diretor do Operador Nacional do Sistema (ONS), afirma que existem diversas oportunidades de cooperação com a Itália e outros países. Entre elas, destacou a troca de experiências sem custo, projetos específicos e memorandos de entendimento e projetos de Pesquisa & Desenvolvimento vinculados a empresas estrangeiras atuantes no Brasil.
Oportunidades no Brasil
A empresa italiana Enel, por exemplo, controla quatro distribuidoras no país, atendendo 17 milhões de clientes. Possui ainda 2.200 MW de transmissão elétrica e 2.932 MW em capacidade de geração renovável. “Acreditamos muito na transição energética. Somos líderes na produção de renovável no mundo, estando em 35 países”, contou Roberta Bonomi, responsável pela Enel Green Power Brasil.
Como oportunidades de inovação e investimentos no país, ela citou as smart grids, a mobilidade elétrica, a integração de tecnologias com a rede elétrica e o gerenciamento digital para maior eficiência: “O sistema elétrico brasileiro pode aumentar a flexibilidade e precisa de reforço na transmissão”. Rosario Zaccaria, responsável pela Enel Distribuição São Paulo, ressaltou ainda que o país tem condições de caminhar para a construção de cidades inteligentes: “Digitalização é o primeiro passo”.
Outro exemplo é o grupo italiano Terna, que adquiriu, em 2017, duas operações de energia no Brasil. As duas concessões, com duração de 30 anos, consistem na construção de 158 quilômetros de novas linhas no Rio Grande do Sul e de 350 quilômetros em Mato Grosso. “Temos muitas possibilidade de troca de inovação e sinergias com nossos projetos no país”, detalhou Manlio Coviello, presidente da Terna Plus.
Por sua vez, Paulo Furio, gerente do Instituto de Inovação da Firjan SENAI em Química Verde, apontou que a indústria pode usar energia solar para aquecimento de processos, área de maior demanda. “Existem diversas Políticas de Incentivo à Energia Renovável, como o Renovabio e outros programas de financiamento. Outra possibilidade é o Programa de Gestão em Eficiência Energética, consultoria oferecida pela própria Firjan, que pode gerar economia de até 30% nas empresas”, ressaltou.
Regulação
O sistema elétrico brasileiro possui hoje 160 gigawatts de capacidade instalada. Em 2018, 87,5% da energia gerada no país partiu das 152 usinas hidrelétricas instaladas em 16 bacias do território nacional. Barata explica, porém, que em 2018 a energia eólica já corresponde a 9,9% na geração de energia no país. “Esperamos que em cinco anos as fontes eólica e fotovoltaica sejam ampliadas em 25% e 282%, respectivamente”, disse.
Barata disse ainda que o país tem grande vocação para energias renováveis, que são de rápida maturação. Por isso, não deverá haver problemas no abastecimento de energia elétrica mesmo se a economia brasileira voltar a crescer a passos acelerados. “A matriz energética brasileira já é 85% renovável”, lembrou.
André Pepitone, diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), citou alguns desafios para a melhoria da gestão tarifária. É necessário baratear o custo da geração térmica, o ICMS dos estados e os subsídios cruzados, pois esses são os itens que mais oneram a conta de luz. Além desses, novos paradigmas como a abertura do mercado; a inovação; e o aprimoramento do modelo do setor precisam prosseguir. “Nosso modelo regulatório é competitivo mundialmente e temos que avançar nesses desafios para nos tornarmos ainda mais atraentes”, afirmou.
Fonte: Firjan